sábado, 23 de janeiro de 2016

SUMIÇO, SUMI SÓ

Eu, sumi!
Sumi pra não surtar,
sumi pra não voltar ao mesmo lugar, incômodo,
sumi pra ver o fogo ser espantalho da dor
e o ardor da pressão de existir desistir.

Que delícia sumir sem sair!
Perder-se em casa tateando a escuridão,
gatos pelo chão,
coração de não, feliz, sem autorização.
Feliz sem mentir pra ir,
feliz por ser o que pensa
e ouvir a voz intensa de quem some comigo.

De quem some.
De quem?
Só!

E nada sumirá,
pois o tudo é o nada,
o universo é você,
eu uno versos sem ver,
e volto de um lugar especial aonde nunca fui.

TINTA DA PAZ

Paradoxais são os riscos permanentes na mente,
para não esquecer que a permanência é inexistente.

Sonhos reveladores
sobre abusos abolidos, lavandas e felicidade,
eu nem tenho idade pra ser dona do mundo.

Alheio, o vejo, penso-o tenso
e vou nadar na tinta da paz,
pena que ela é tão fugaz.

Como as mandalas de areia
eu passo e me refaço quase sem saber porquê.
Eu nunca acho
e a procura me sustém!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CÍCLICO

Amores múltiplos,
amores místicos,
multicoloridos amores.
Podem chegar,
podem partir,
podem dormir aqui
comigo, conosco.
Podem descolorir o estigma:
mono, ímpar, só.
Podem me amplificar:
poli, púrpura, nós.
Pode ser qualquer coisa calma.
Pode ser amor poema,
pode ser a invenção mais velha que há.
Pode ser vinho ou cor de flor,
desestabilizar e reestruturar.
Amores!
Podem chegar,
podem partir.
Eu gosto de observar.


A CHORAR

Estou chorando,
mas minhas lágrimas não podem conter o fogo na chapada.
Não podem saciar a sede no sertão
e nem adoçar o rio que está morrendo.
Estou chorando,
mas minhas lágrimas não podem sarar as feridas abertas pelos chicotes.
Não podem lavar as mãos de quem rouba por desespero
e nem fazer secar as lágrimas dos que amo.
Estou chorando
e me parece inútil chorar.
Mas minhas lágrimas podem, ao menos,
demonstrar que estou viva e que ainda existe amor em mim.

domingo, 8 de novembro de 2015

AMOR EM VIDA

O caos me incomoda, roda, descola, transborda...
"Ignora!", me digo, mas...
Em aquário blindado não nado.
Encharco o charco e o amor é
insuportavelmente recorrente.
Corrente, correnteza
devastando a mente que quer folhagens
para deitar e descansar.
A repetição é incômoda, paralisante.
Verdadeira vendedora do medo de ser você.
Expande, ande, ande, ande!
Deixa transcorrer pra ver correr o receio
de amar sem ter que morrer.

sábado, 7 de novembro de 2015

ESCREVI PRA VOCÊ

A quem me toca suavemente
como se suas mãos ouvissem segredos ditos por meus poros...
A quem de mim cuida por querer,
sem precisar, sem merecer meus companheiros infortúnios...
A quem me lança olhares tão afetuosos 
que são os meus olhos que perguntam um ao outro,
se são dignos de tal contemplação...
A quem tem cheiro de inspiração,
me fazendo transbordar em versos...
Eu tenho poemas,
e beijos, e carinhos, e mais...
Eu tenho o indescritível.
Tenho a mim e me empresto, com prazer,
pra você!

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

FURTIVO AMOR

Palavras são afago na minha alma chata,
farta de fúteis toques sem dedos.
Almejo seu beijo letrado, 
seu cheiro acentuado de quem rima com o que ensina.
Não seja tão furtivo, amor!
Eu sei tocar com carinho uma flor,
banhar suas pétalas com o afeto que estoquei durante sua esquiva.
Isso é que nem esgrima, ninguém vai se ferir.
E quando precisar ir, saberei rir dessa nossa arte de gostar sem sub-trair.